quarta-feira, 8 de junho de 2011

Os leigos na Igreja de hoje e o exemplo da Coreia



A Igreja coreana tem, talvez, uma característica única no mundo católico. Foi fundada e estabelecida apenas por leigos!
Ainda hoje, os leigos são o motor da Igreja coreana: a sua preciosa ajuda, em todos os campos da pastoral, torna a Igreja na Coreia uma das Igrejas que melhor compreendeu e colocou em prática o espírito do Concílio Vaticano II.
A Igreja na Coreia surgiu no início de 1600, a partir dos contactos anuais das delegações coreanas que visitavam Pequim, na China. Ali os coreanos tomaram conhecimento do cristianismo, especialmente por meio do livro do grande Padre Mateus Ricci, “A verdadeira doutrina de Deus”. Foi o leigo Lee Byeok que se inspirou nele para, então, fundar a primeira comunidade católica actuante na Coreia.
Apesar de algumas perseguições isoladas, a Igreja na Coreia desenvolvia-se. A pregação do Evangelho continuou, surgindo novos zelosos apóstolos para preencher o vazio deixado pelos mártires. E o número de cristãos chegou a 4000, o que é impressionante, considerando-se que até ali não tinham tido contacto com nenhum sacerdote! Esses cristãos perseguidos, martirizados, dispersos, ansiavam entretanto por uma só coisa: ter um sacerdote que pudesse ministrar-lhes os Sacramentos e guiá-los no caminho do Céu. Enfim, em 1793, chegou o recém-ordenado sacerdote chinês Tiago Chu, que exerceu o seu ministério clandestino durante vários anos, no meio de novas e terríveis perseguições, até receber a coroa do martírio em 1801. Com ele pereceu a nata da cristandade da Coreia. Mas as suas raízes já estavam suficientemente fortes para continuar a germinar nas catacumbas, ainda que novamente autocéfala. Esta carnificina ocorreu entre 1785 e 1882, ano em que o governo decretou a liberdade religiosa. Foram cerca de dez mil mártires, dos quais a Igreja canonizou muitos que foram agrupados numa só festa, encabeçados por André Kim Taegon, o primeiro sacerdote mártir coreano.
André nasceu em 1821, numa família da nobreza coreana, profundamente cristã. Seu pai, por causa das perseguições, havia formado uma “Igreja particular” em sua casa, nos moldes daquelas dos cristãos dos primeiros tempos, para rezarem, pregarem o Evangelho e receberem os sacramentos. Tudo funcionou até ser denunciado e morto, aos quarenta e quatro anos, por não renegar a fé em Cristo.

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